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Você tem percepção emocional?

Você consegue identificar emoções em si mesmo e nos outros? Você consegue expressar as próprias emoções de forma adequada, têm empatia e se comunica com os outros de forma (emocionalmente) apropriada?

Hoje eu quero me reportar a uma pesquisa muito interessante, publicada no The Leadership Quarterly, em 2014, e agora republicada neste mês de novembro. Os autores são Prajya Vidyarthi, Smriti Anand e Robert Liden. Eles abrem o estudo com uma pergunta: As lideranças emocionalmente perceptivas conseguem melhorar a performance de seus subordinados? E então, o que você pensa sobre isso?

Os três desenvolveram um trabalho integrando conceitos de inteligência emocional e de relacionamento social, de forma a explorar os efeitos da percepção emocional no trabalho de um líder, bem como a sua capacidade de influenciar na performance do subordinado. Percepção emocional é definida como a capacidade de identificar emoções em si mesmo e nos outros. Pessoas com essa competência conseguem expressar as próprias emoções de forma adequada, têm empatia e se comunicam com os outros de forma (emocionalmente) apropriada.

Para o estudo, os autores recolheram dados de 391 trabalhadores da linha de montagem e de 88 gerentes, em uma organização multinacional de manufatura. Os gestores foram questionados sobre a sua própria percepção emocional, a sua percepção da distância de poder na organização (na medida em que os indivíduos aceitam uma distribuição desigual de poder na organização), e o desempenho de seus funcionários. Os empregados foram entrevistados sobre sua percepção da interdependência de tarefas (o grau em que os indivíduos recebem apoio direto de outros para realizar o seu trabalho).

Os autores partiram da suposição de que a maior percepção emocional nos líderes iria se correlacionar melhor com o desempenho do empregado. Além disso, eles acreditavam que essa relação seria afetada por algumas variáveis, vindo a ser mais forte quando à interdependência das tarefas estivesse presente e quando a organização apresentasse uma estrutura mais igualitária (conceito de que todas as pessoas são iguais e merecem os mesmos direitos e oportunidades).

Confirmando a hipótese de partida, os resultados mostraram que quanto maior a percepção emocional do líder, tanto maior o desempenho do subordinado em seu trabalho. Além disso, essa relação mostrava-se ainda mais intensa quando a comunicação era mais frequente, com menor distância na estrutura de poder e com mais interdependência entre as áreas pesquisadas.

O mérito desse estudo foi o de evidenciar a importância da percepção emocional nas lideranças para alcançar-se um melhor resultado nas organizações, estimulando que as empresas tenham especial atenção para essa característica ao contratar seus novos líderes. O mesmo cuidado vale ao investir no crescimento de percepção emocional de seus líderes por meio de treinamento ou Coaching.

Como Coach, posso afirmar que é mesmo um grande desafio o de contribuir para que o cliente (seja líder de área operacional ou executivo de alto nível na organização) possa conquistar competências e fortalecer sua percepção emocional. Historicamente, o estudo da percepção tem sido distinto do estudo de emoção, porém as mais recentes pesquisas, usando a neurociência, têm mostrado caminhos com muita interação possível.

Um exemplo que se pode tirar de outros estudos é observar o quanto o medo aumenta as chances de vermos ameaças em tudo, e de como humores positivos ou negativos abrem portas diferentes à nossa frente. A percepção é sistematicamente envolvida para contribuir na realização de um objetivo e o nível de emoção existente pode alterar essa percepção, e então levar a escolhas melhores ou piores, com mais ou menos riscos.

Enfim, este artigo quer estimular o Coach a entender que, em seu trabalho com lideranças e /ou empregados de uma organização, vale ficar atento à capacidade de percepção emocional dos envolvidos. Isso pode abrir mais e melhores canais de comunicação, empatia e engajamento para a consecução dos objetivos do processo que vai começar (e que vale para aqueles já em andamento).

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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